Exames de vírus e pesquisas seguras estão presentes em laboratórios de alta contenção. Mas o que está por trás do projeto desses laboratórios para conter a disseminação dos vírus e manter os pesquisadores, a população em geral e o meio ambiente seguros?
Os vírus estão sempre presentes e as rápidas mudanças em nosso mundo apresentam um novo dilema para isolá-los e conter a ameaça que eles representam para a nossa saúde e o bem-estar. O crescimento populacional acelerado, aliado a viagens de longas distâncias mais rápidas e acessíveis, cria o cenário ideal para a rápida transmissão de um vírus. As mudanças climáticas agravam essa situação, já que vírus anteriormente endêmicos em regiões específicas agora se espalham para além dessas áreas, atingindo uma proporção maior da população mundial.
Os níveis de biossegurança (BSL) ou níveis de proteção de patógenos são padrões globais de biocontenção para isolar agentes biológicos que representem ameaça em uma instalação laboratorial fechada. Esses níveis de contenção variam de BSL-1, mais baixo, até o nível 4, o mais alto, sendo os vírus e as bactérias contidos em ambientes laboratoriais BSL 3 e 4 mais propensos a representar altos riscos à saúde e ameaçar a vida.
A biossegurança fundamenta a pesquisa de vírus
A biossegurança é um fator crucial na pesquisa de vírus que ameaçam a saúde e a vida. Para evitar a potencial propagação desses agentes, laboratórios de alta contenção são projetados para minimizar o risco de liberação de vírus que estão sendo estudados, evitando assim uma ameaça aos pesquisadores e ao meio ambiente. Mas projetar esses laboratórios exige conhecimento e experiência específicos.
Entenda como projetamos um ambiente seguro
Como especialistas em projetos de laboratórios de alta contenção, garantimos uma rigorosa adesão aos padrões e regulamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS), o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos) e do manual Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories (BMBL). Um bom projeto técnico leva essas diretrizes em consideração, ao mesmo tempo em que prioriza o uso prático e a segurança ideais para cada situação.
" A Deerns já desenvolveu diversos projetos nos níveis BSL-3 e BSL-4, além de desempenhar um papel vital em instalações mecânicas e elétricas. Com a experiência acumulada, criamos soluções inovadoras, pioneiras e personalizadas para a projeção de um ambiente de trabalho seguro para os funcionários.
O processo de projeção
Na Deerns, o processo de projeção começa com a definição dos requisitos do usuário em uma série de reuniões organizadas com as partes interessadas de cada departamento, com o objetivo de identificar e acomodar as necessidades e as exigências específicas de cada grupo de pesquisa. Esse processo de engajamento das partes interessadas orienta a tomada de decisões de design relacionadas às atividades e aos fluxos logísticos.
Nosso objetivo é alcançar um sistema seguro e redundante no qual a dispersão de riscos seja garantida em todas as condições. Alguns exemplos são:
- Manter a pressão negativa em caso de falha de energia por meio de sistemas UPS e NSA;
- Manter toda a tecnologia de controle para a instalação de alta contenção;
- Utilizar sistemas RTP para transferência segura de materiais de alto risco entre os locais de pesquisa;
- Eliminação segura de resíduos (água) com autoclaves ou sistemas de desinfecção com VHP;
- Aplicar chuveiros de desinfecção para os operadores;
- Utilizar tubulação de descarga dupla para sistemas de esgoto, equipada com detecção de vazamento e sistemas de tanque de neutralização;
- Garantir pressão negativa, independentemente das cargas de vento externas;
- Manutenção da pressão negativa durante a extinção de incêndios (extinção por gás);
- Manutenção da pressão negativa durante a desinfecção automática validada (desinfecção com VHP) do laboratório.
Cinco fases críticas do projeto
Projetos de alta contenção geralmente consistem em cinco fases:
- Estudo de viabilidade (local, construção e instalações);
- Apoio na elaboração de um Programa de Requisitos;
- Projeto final e pacote de licitação para as instalações;
- Instrução e supervisão durante a fase de realização;
- Suporte e monitoramento durante o processo de comissionamento e validação.
Equipamentos de proteção para redução de riscos
Como a redução de riscos é um ponto central para a biossegurança, protegemos o equipamento de pesquisa do operador e do ambiente o máximo possível, geralmente por meio de sistemas de barreiras de segurança, como cabines de biossegurança ou isoladores. Outros exemplos são as bancadas de trabalho de classe II, que possuem uma frente de trabalho aberta com um fluxo de ar protetor, enquanto os isoladores de classe 3 têm um divisor físico entre o material de pesquisa, o pesquisador e o ambiente imediato.
Fluxo de ar direcional para emergências
Em emergências, o risco de propagação é mitigado aplicando-se uma cascata de pressão no laboratório, fazendo com que diferenças de pressão entre a trava de acesso do corredor e o laboratório criem um fluxo de ar direcional para o laboratório crítico. Dessa maneira, o ar que entra e sai do laboratório é filtrado por filtros HEPA, que dependendo do material em análise, são duplicados. Para garantir a segurança do técnico durante a manutenção, esses filtros HEPA podem ser desinfetados de forma independente do sistema e substituídos com segurança por meio de um sistema Bag-in-Bag-out.
O sistema “box-in-box”
Para evitar a possível fuga de ar contaminado, o laboratório de alta contenção é projetado como um sistema ‘caixa dentro da caixa’. A estrutura interna é separada da fachada externa, com uma sobrepressão no corredor ao redor que garante que o ar externo não possa entrar no laboratório e que o ar potencialmente contaminado não possa sair do laboratório.
Proteção contra pessoas não autorizadas
Enquanto o projeto técnico garante a segurança biológica em um laboratório de alta contenção, a biossegurança é crucial para evitar o uso não autorizado do material viral. Nesse contexto, várias medidas de segurança são integradas ao projeto, as quais incluem:
- Sistemas de segurança avançados para detectar e “acompanhar” um investigador;
- Controle de acesso via passes, códigos de entrada, impressões digitais ou escaneamento de íris;
- Sistemas digitais independentes para bloquear tentativas de login não autorizadas;
- Transmissão digital criptografada dos resultados da pesquisa para um sistema separado;
- Medidas apropriadas para relatar e monitorar calamidades iminentes, possivelmente apoiadas por uma sala de controle com equipe permanente.
A segurança biológica e a biossegurança são componentes indispensáveis no projeto de um laboratório de alta contenção para garantir a segurança da equipe e da sociedade. Quer saber mais? Vamos conversar!